sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Os Poemas Visuais de Magritte



Alcance da Boca

Você ao alcance

Da minha boca,

Dança no ar o ar

Ao desejar novamente

Volúpia sensual nítida

Sob o sol pétala desde sempre

Astronáutica atroz total

Fábulas paralelas

Hipótese formulada viesse

A gaguejar amor, por exemplo

Nova ordem parcial

Muito um sem semente

No sol a pino

Um hino tinina improvisações

Alcance da minha boca

A louca ainda me falta...

Danilo de S'Acre



Nave Líquida Elétrica


Ventania... Em sombras diluídas,

Os sais

Do oceano, a líquida nave de ondas.

Tempestades, o mundo acaba assim:

Revisões...

Raios finos elétricos-neons,

Relâmpagos.

De noite se viam estrelas

Veladas de águas.

Danilo de S'Acre







René Magritte (1898-1967) nasceu em Lessines, Bélgica.
Transferiu-se para Paris em 1927 e uniu-se aos Surrealistas.
Foi grande amigo dos poetas André Breton e Paul Eluard
e do artista Marcel Duchamp.
Símbolos por ele privilegiados: Chapéus cocos, o castelo, a rocha, o corpo feminino inteiro ou fragmentado entre outras alucinações poéticas e visuais.
Suas obras, espelhos de poemas são metáforas que se apresentam como representações realistas, através da justaposição de objetos do cotidiano, de um mundo impossível de ser encontrado na vida real.
Do Blog Atuleirus

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

3 Momentos 3


Yara e Danilo em ação!


João Gabriel em ação!


João, Danilo e Yara em descontração.
Respiras o ar
Que na música está
Prudência musical
Mútua aparência inexata
Nada hexagrama move universo
Versos equidistantes
Completo reconvexo
Congruências fantasiadas
Realidade insondável
Interrogações essenciais
De elevação espiritual estética.
Fotos by
Antonia, Danilo, Val Fernandes.
Ensaio poético: Danilo de S'Acre.

domingo, 25 de outubro de 2009

Women in Art




Montagem fantástica que retrata mulheres em vários estilos artísticos em diferentes épocas, obras feitas por grandes mestres da pintura: Da Vinci, Renoir, Picasso, Dalí, Matisse...
"A arte se comunica por meio do afecto. Para Aristóteles, o afecto seria qualquer modificação sofrida pela alma; O afecto seria produzido pelas qualidades sensíveis na alma". (do livro Espaço e Performance -Universidade de Brasília). Muito bacana, vale a pena dá uma olhada.

Algumas inspirações de Escher











"Considero a minha obra simultaneamente muito bonita e muito feia"


O holandês Maurits Cornelis Escher nasceu no dia 17 de junho de 1898 em Leeuwarden. Após três anos de Arquitetura, sob a direção, entre outros, de S. Jessurun de Mesquita, rapidamente dedicou-se às artes gráficas e em breve se seguiram as primeiras exposições e publicações. Durante sua estada de dez anos em Roma (1924-1934), fez numerosas viagens de estudo pela Itália, França e Espanha.
Antes de se ter definitivamente instalado na Holanda em 1941, onde veio a falecer a 27 de março de 1972, viveu e trabalhou dois anos na Suiça e cinco anos na Bélgica.

Nos deixou uma coleção fantástica de imagens oníricas.




quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O Salto no Vazio e o Azul de Yves Klein

Performance de Antropometrias da Época Azul, 09 de março de 1960

Com o seu Salto no Vazio - intitulado Um Homem no Espaço! O Pintor do Espaço lança-se no Vazio! - Yves Klein realizava a encenação de um retrato do seu universo artístico. A foto, feita em 1960 por Harry Shunk, numa ruazinha dos arredores de Paris, acabou transformando-se num ícone visual do século XX.
Ainda hoje, numa época em que novas tecnologias, e a globalização possibilitam uma circulação extremamente rápida da informação, a invenção midíatica de Klein continua a ser um fenômeno verdadeiramente notável. Publicado há mais de 30 anos, o seu auto-retrato em Salto no Vazio abriu inegavelmente caminho para uma arte prioritariamente fundamental na imaginaçao. A autenticidade da sua contribuição para a concretização do sonho de voar explica o motivo de Klein ser considerado não só o grande pioneiro da arte europeia da década de 60, mas também sua projeção internacional ao longo dos anos 70 e 80. Joseph Kosuht consagrou-o como fundador da Arte Conceitual.
Os movimentos "Fluxus", "happenings", as "performances" e a "body art", cada um à sua maneira, encontram-se estruturalmente relacionados com o seu trabalho. O que essas correntes tinham em comum era um incentivo à descoberta de uma forma de criatividade que transcende as fronteiras nacionais, definindo critérios estéticos e encarregando-se da sua divulgação. Neste processo Yves Klein desempenha a função clássica do emissário, o arauto de uma nova cultura - invisível ainda, mas inegavelmente presente.
Texto extraído do livro KLEIN, de Hannah Weitemeier
Edições Taschen 2001
Mais consultas sobre a arte de Yven Klein no Google.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Funeral Parade of Roses






Clássico cult da nouvelle vaghe japonesa, Funeral Parade of Roses (Bara no Soretsu, Matsumoto Toshio, 1969) mistura psicanálise, Jean Genet, referências pop e sexualidades alternativas para construir uma visão arrasadoramente crítica do impasse vivido pela sociedade nipônica em seu "Maio de 1968".

Em termos de linguagem narrativa, o filme ousa bastante: inserta imagens de filme-guia, mistura ficção e cenas documentais rodadas no centro de Tóquio, utiliza artes plásticas e comics, põe balões na boca dos personagens como se fosse história em quadrinhos. Tais recursos instauram aquele delicioso frescor iconoclasta tão típico de algumas produções do final dos anos 60, que podemos encontrar nos primeiros filmes do Cinema Marginal Brasileiro e na música dos Mutantes, por exemplo.

A crítica à sociedade de consumo, ao marxismo ortodoxo de parte da esquerda japonesa e ao maoísmo contraproducente da outra parte, alia-se uma ênfase na questão sexual, através da tematização do homossexualismo e do travestismo ( o filme vem sendo, nos últimos anos, objeto de debate acadêmico internacional nos chamados Queer Studies).

A trama, se é que podemos falar assim (já que ela é apenas um fio condutor a fazer avançar uma narrativa cujo interesse diverge para os temas tratados nos parágrafos anteriores) gira em torno do triângulo amoroso formado pelo protagonista, um crossdresser atormentado por terríveis lembranças familiares (Peter), seu amante Gureko (Furamenko Umeji), dono do Genet Bar, e a prostituta Leda (Ogasawara Osamu). O embate entre o trio, com momentos dignos de Almodóvar em preto e branco, degenera num banho de sangue com direito a harakiri, numa sequência que, ao menos para cinéfilos brasileiros, pode remeter ao final de Hitler 3. Mundo, rodado um ano antes de Funeral Parade...por José Agrippino de Paula.

Chupado do blog cinemasasiaticos.blogspot.com

Taí um "complemento" desta obra de arte. Gostaria muitíssimo de assistir o filme completo (e com legendas em português...)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O ateliê de Giacometti





"Quando bruscamente apareceu Osíris- pois o nicho é cavado rente à parede- sob a luz verde, tive medo. Naturalmente, foram meus olhos os primeiros informados? Não. Meus ombros, antes de tudo, e a nuca, esmagada por uma mão, ou uma massa, que me obrigava a mergulhar nos milênios egípcios e, mentalmente, a me curvar, e, mais até, a me encolher diante dessa pequena estátua de olhar e sorriso severos. Tratava-se realmente de um deus. O deus do inexorável. (Refiro-me, é claro, à estátua de Osíris em pé, na cripta do Louvre.) Tive medo porque se tratava, sem dúvida nenhuma, de um deus. Certas estátuas de Giacometti provocam em mim uma emoção bem próxima desse terror, e um fascínio quase tão grande. (...)"

Quando o encontrou pela primeira vez num café, em 1954, Alberto Giacometti (1901-1966), impressionado pela fisionomia de Jean Genet (1910-1986), logo desejou retratá-lo. Foi a calvície de Genet que o atraiu. Giacometti tinha especial interesse pela estrutura das cabeças, e a ausência de cabelos ajudava a revelá-la. Das sessões de pose para os desenhos e pinturas que se seguiram até 1958 nasceu a amizade entre o escritor e o artista, facilitada pela admiração e identidade que sentiam pela obra um do outro.
Link: fondation-giacometti.fr
O ateliê de Giacometti, Gean Genet, 1979- Tradução: Célia Euvaldo- Cosac & Naify Edições, 2000.

domingo, 18 de outubro de 2009

Rembrandt por Jean Genet



"Somente estas espécies de verdade que não são demonstráveis e que são mesmo "falsas", que não se podem conduzir sem contra-senso até o fim sem terminar negando-as a elas e a si mesmo, são estas que devem ser exaltadas pela obra de arte. Jamais terão a oportunidade ou a má sorte de ser um dia explicadas. Que vivam pelo canto que se tornam e que suscitam. (...)
Nosso olhar pode ser ativo ou lento, isto depende mais da coisa olhada do que de nós. È por isto que falo, por exemplo, da velocidade que precipita o objeto adiante de nós, ou da lentidão que o torna pesado. (...)"

O projeto de um livro sobre Rembrandt acompanhou Genet por muitos anos. A observação direta de suas obras em museus por ocasião de viagens sucessivas a Londres, Amsterdã, depois Munique, Berlim, Dresden...e, por fim, durante uma estada em Viena, em 1957, concretizou, pouco a pouco, esta obra que deveria ser, sem dúvida, um projeto tão original quanto O ateliê de Giacometti.

Jean Genet, Rembrandt . Tradução de Ferreira Gullar, 1968. José Olympio Editora.

Abdução (antropofagia numa manhã de sol...)


Voz sem som
Uma voz
Uma vez te disse
Não disse, sussurrou...
Qual é teu nome
Para que eu possa
Enfim existir.
Onde é tua boca
Quais lábios
Cadê coração?
...porque ainda desejo.

Oficina de Lula Wanderley pela Rede Nacional Artes Visuais, 2005. Photo by Alcântara
Pretensão poética: Danilo de S'Acre

Escultura diária estampada com notícias


Um dia virá
Um anjo metálico
Montado
Num tamanduá alado
E calado
Desembainhará a espada
Língua de fogo neon
Contra um exército
Interminável
De formigas florescentes

Photo by Alcântara
Pretensão poética: Danilo de S'Acre

Cosmogonia Acreana


Num traço veloz
Dizimável musical
Entre os dedos as teclas
Lápis pincéis palavras
Partículas ao vento
Pelo tempo trazidas
Na sinfonia da chuva

Pretensão poética e imagem visual: Danilo de S'Acre

Tom Waits Superstar


A musicalidade de Tom Waits não está presa a um gênero musical determinado. Ele enfrenta com extrema facilidade o jazz, rock, folk, blues e o que mais vier...Possui uma gravíssima voz de trovão e é também um excelente ator.
Quem quiser ouvir e conhecer mais Waits acesse o blog tom waits superstar e www.tomwaits.com

Asas e sombras


Uma tênue luz dispersa timidamente. As asas do corvo de Alan Poe ventilam no quarto gerando sombras, sonhos e pesadelos...

Foto by Anna Brofferio.
Pretensão poética: Danilo de S'Acre

Alguns Efeitos Colaterais





...O calor, as luzes e as sombras de Efeitos Colaterais causam vertigem e a sensação de termos nos embrenhado nos varadouros, nos tornando prisioneiros das sapupemas e ascendido.(...) Altino Machado

Imagens: Danilo de S'Acre